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Mostrando postagens de novembro, 2017

O que amor tem a ver com isso?

Seis e quinze da manhã, toca o despertador. Levanto com os gatos chorando como se não fossem alimentados há meses, quando na verdade faz só algumas horas. Entro na área de serviço para abastecer o potinho e me deparo com sérias evidências de que eles deveriam entrar em uma greve forçada de fome: um dos filhotes passou mal. Muito mal. Pelo banheiro inteiro da área de serviço. No chão, nas paredes... E deixou pegadas disso até a sala. Como se eu fosse esquecer o que aconteceu. Seis e trinta e cinco. Banheiro limpo, definições de trauma atualizadas com sucesso, e a dúvida pairando sobre tomar banho ou café antes de trocar de roupa e correr atrás do primeiro ônibus que surgir, após eu perder o das 6h45. Há quem consiga ser otimista diante de todas as situações adversas possíveis que possam surgir pelo caminho. Eu não sou uma dessas pessoas. Mesmo sendo pessimista por natureza, simplesmente não havia como negar: meu dia seria uma merda . *** Algum tempo depois, eu fiquei pensan

O bêbado e o malabarista

Fui ali e voltei. Esta é a melhor maneira de explicar por onde andei. Claro, você provavelmente chegou a me encontrar naquele mesmo bar perto da faculdade, ou então cruzamos olhares enquanto eu me servia de mais uma xícara de café em uma manhã qualquer no trabalho, ou quem sabe nós nem realmente chegamos perto de nos vermos. Não seria a primeira vez. Nem a última, por sinal. Eu andei por aí, silencioso, porque não sabia mais o que dizer. Talvez eu nunca realmente soube. E não senti vontade de continuar preenchendo linhas em vão, ainda sem saber o que queria dizer. Ou então, não sabia para quem queria dizer. Foi aí que as coisas começaram a ficar claras. Já faz alguns anos desde que isso começou. A maioria de vocês já conhece a história, mas para quem desceu do ônibus agora, o resumo da ópera é simples. Um dia eu saí de casa e passei a escrever sobre tudo e todos que encontrei por aí. Na esperança de que os registros me ajudassem a voltar caso a vida lá fora não cumpris

Ela

Era um domingo de manhã. A chuva era intensa lá fora. Você estava adormecida ainda nos meus braços quando acordei. Sua pele morena refletida levemente pelos primeiros raios de luz que invadiam o quarto. Você estava em paz. Pensei em levantar e preparar o nosso café da manhã, mas não queria interrompê-la. Você estava dormindo tão profundamente. Descansando suavemente. Existindo perfeitamente. Eu não queria que aquele momento acabasse. Então fiquei deitado ali, ao seu lado, com meus braços ao seu redor, me sentindo grato por você. Por nós. Pela sinfonia da chuva. Pelo amor que estava entre nós, são e salvo de tudo. Nós poderíamos ficar ali para sempre. Nós deveríamos ter ficado ali um pouco mais. Mas, não. Eu quis levantar, preparar o café, começar o dia. Eu, afobado pela vida como sempre, nunca soube discernir o que realmente importava nela. Nós importávamos, disso eu tinha certeza. Mas a insistência em querer levantar fez com que eu a soltasse. Aquele foi o último domingo que