Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2015

A última garota errada

Eu tinha uma música para você. Na verdade, eu tinha uma coletânea inteira. Dos hits para dançar até as mais lentas para usar como desculpa para chegar cada vez mais perto de você. Colocando sutilmente as minhas mãos ao redor da sua cintura, deixando o ritmo nos levar por si só. Eu soube de um café no centro da cidade que iríamos conhecer juntos. Sempre passo por lá mas nunca entrei para experimentar. Achei que fosse justo a sua cara: reconfortante, acolhedor, clássico. Parecia um lugar especial para chamar de nosso. Na minha cabeça ensaiei o que diria aos seus pais quando os conhecesse pela primeira vez. Porque você sempre me dizia o quanto eles significavam o mundo para você, e tudo o que eu queria era fazer parte disso. Nas minhas andanças pela cidade que fiz ainda sem segurar a sua mão, vários outros planos me vinham à mente; como aquela pequena adega onde eu encontrei o melhor Pinot Noir que já havia provado, e pensei no quanto ele seria perfeito para uma das nossas

Os momentos definitivos

Exatamente às 12:58 daquela tarde, começou a chuva. Daquelas exponencialmente épicas e impiedosas, do tipo que vira guarda-chuvas do avesso e deixa pedestres reféns debaixo das marquises das lojas pela extensão da avenida principal afora. E foi daquelas mini-tempestades que duraram o tempo necessário para surpreender também trabalhadores que estavam tentando nadar contra a correnteza para voltar ao trabalho, alunos de auto-escola que se desesperavam a cada cruzamento que precisavam atravessar com seu para-brisa alagado e, é claro, eu. Eu que, inocentemente e despreocupadamente, saí de casa exatamente às 12:42. Por sorte, carregando um guarda-chuva desta vez.    Entre enfrentar ventos e ondas de poças que se levantavam graças aos carros apressados, eventualmente eu me cansei da pista de obstáculos na qual havia se transformado o caminho até o centro da cidade, e me rendi ao abrigo de uma das tais marquises na avenida. Eu e um senhorzinho aparentemente atordoado que, por que não?,

A história sem fim

Eu estou ficando um pouco cansado de carregar uma bagagem enorme comigo por aí. De ter uma “ longa história ” que eu preciso contar para alguém quando começo um novo relacionamento. Uma longa e aparentemente interminável história, cheia de curvas inesperadas e personagens infames que, de uma maneira ou outra, acabaram por intervir no rumo deste que vos fala – o protagonista – e que conseqüentemente tiveram algo a ver com o modo como eu levo a minha vida agora. Alguns me acrescentaram, outros me diminuíram, mas independente das suas participações, sempre que estas se mostram finitas eu acabo me sentindo... Quite. Isto é, em um primeiro momento. As conseqüências dos nossos atos e dos que outros tomaram sobre nós só vem à tona com o passar do tempo. Ou, neste caso, nos próximos capítulos.    Como se cada uma dessas pessoas que vieram e se foram, por serem infelizes na sua existência ou porque eu decidi que estava na hora de rescindir seu contrato, tivessem feito parte do arco pri

A volta do que não foi

Demorou alguns dias , mas eu finalmente cheguei a uma conclusão sobre o meu atual estado de espírito: encurralado. Agora, porque eu me sinto assim, são outros quinhentos. Resultado de outras histórias que, sinceramente, pouco interessam agora. Porque o ano mal começou e eu tenho muito pela frente e, honrando a tradição e o meu título de pentacampeão estadual de me enrolar em confusões, ainda há muitos erros a serem cometidos nesta vida. Portanto não tenha pressa, Igor. Esta história vai ser longa. E quem sabe este não é o ano em que eu finalmente crie coragem de emoldurar todas esses contos e desencontros em um só livro? Talvez acabe se tornando uma mistura de Minutos de Sabedoria com As Crônicas de Nárnia , com um toque de O Iluminado . Assim, pra dar um gosto de surrealismo e neuroticismo, mas com uma moral significativa no final.    Recentemente chegou à minha atenção algo sobre o qual eu havia perdido completamente a noção: eu posso fazer o que quiser desta vida. Inclusiv

Os anos laureados

E aquilo tudo realmente aconteceu. Foi do jeito que eu disse para os meus colegas que seria: alguns dias depois, eu iria rever todas aquelas fotos que tiramos juntos, daquela cerimônia incrível e emocionante na qual nós éramos os protagonistas, e só então eu me daria conta do quanto tudo pareceu tão... Rápido. Tão finito. Tão definitivo. E nem faz tanto tempo assim, mas eu preciso dizer o quanto esses últimos dias estão sendo diferentes. Diferente do purgatório entre formatura e graduação, agora um ciclo se fechou. Passamos por todas as séries, os estágios, os relatórios e os ensaios até o momento daquela entrada triunfal, seguida por um juramento solene e alguns discursos emotivos, até terminar com uma chuva de confetes que nos conferiu o fim oficial de uma era. E o começo de uma vida real.    Sem horários, sem compromissos, sem... Sem saber pra onde ir, para falar bem a verdade. Eu ainda estou tentando encarar esta nova etapa como uma espécie de férias de vida, antes de enc