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Mostrando postagens de setembro, 2013

Nós encontramos amor

            Eu me lembro como se fosse ontem. Era uma sensação que jamais me abandonava porque de tanto senti-la, já era familiar demais para ser considerada como mero devaneio. Acontecia quando eu me pegava olhando para o horizonte, ou quando começava a sentir aquele algo a mais por alguém, ou quando eu estava simplesmente distraído em uma multidão sem dar atenção ao que estavam me dizendo. E ao mesmo tempo em que eu a sentia a esperança, imaginava o sonho e me lembrava do olhar daquela mulher cuja qual eu estava desesperado para me tornar a razão do seu afeto, a desesperança também me acompanhava.             Eu sempre achei incrível o quanto as pessoas mais desesperançosas pareciam as mais merecedoras do amor. Isso porque eu sempre imaginei o vazio em seus olhos como resultado de um círculo vicioso: como se aquele olhar tivesse se prendido à alguém um dia, alguém que não a queria ao seu lado e a empurrou para longe, fazendo-a derrubar todos os seus sonhos no chão só para vê-los

150 maneiras de como o amor acaba

Existem 50 tons de cinza e 50 jeitos de dizer adeus, mas existem mais motivos entre o céu e a terra do que compreendem a nossa fã filosofia quando se trata do fim de uma relação. Especialmente quando ela nem começou. Isto é uma história de amor. Acredite se quiser. Meu nome poderia muito bem ser o seu aqui. Se você está lendo isso, certamente se sentiu curioso o bastante para querer saber como o amor – aquele sentimento primoroso e extraordinário, capaz de levar homens e mulheres comuns a vivenciarem as sensações mais excitantes e a realizarem as ações mais inimagináveis, desde as declarações de afeto em público até os crimes passionais do estilo “ se-eu-não-posso-ter-vocè-então-ninguém-pode ” – pode começar e terminar entre duas pessoas... E que isto poderia acontecer de mais jeitos do que você pode imaginar. Quando digo que poderia ter o seu nome, é porque sinto que você já deve ter passado por isso. Ao longo da vida, em algum lugar e em alguma hora, quando menos se esper

Alguém novo

             Oito anos atrás , um garoto de Londrina viajou para a casa do seu pai em Cascavel para passar as férias de Janeiro. Ele tinha 14 anos, era tímido e não tinha o hábito de fazer amizades ou de lidar muito bem com mudanças, apesar de ter uma alma brincalhona e ingênua até demais para quem deveria estar começando a perceber as segundas intenções que a vida tende a inspirar em nós.             Mas ele tinha sonhos, aspirações, talentos escondidos, uma vontade de conhecer o mundo tão grande quanto o seu medo de sair para desvendá-lo. Era iludido, porém contente. Era ridiculamente imperfeito, mas mesmo assim era capaz de viver bem e pedir ajuda quando não se sentia bem ou confiante sobre o que fazer diante de algum problema. E apesar de todos os problemas e as lágrimas que já havia derramado, mesmo com poucos anos de vida e experiência para realmente compreender o que era dor, saudade e amor não correspondido, ele era feliz. Sua maior dificuldade era a ansiedade; a inqui

Educação especial

             Algo está errado. Não sei se sou eu quem continua fazendo as escolhas erradas, ou que insiste em não admitir que comete erros, ou que finge em acreditar que não está mais aspirando por um relacionamento, ou qualquer outra coisa alheia ao meu universo que colidiu em mim sem querer. Eu não sei. A vida anda confusa, pesada, cansada, ofegante. Anda tão insensível e alucinada que me fez até desmaiar de sono em plena quinta-feira à tarde; como se eu simplesmente não tivesse orientação de TCC pra ir, banho pra tomar e compra de mercado pra fazer. Mas foi só deitar na cama por quinze minutos, que de repente três horas se passaram. E é assim que o resto da minha vida se parece: eu mato um pouco de tempo aqui e ali, e quando me dou conta de novo todos os prazos se expiraram, as pessoas cansaram de esperar e nada do que eu esperava aconteceu. Algo está errado e eu até tenho uma suspeita do que pode ser. E infelizmente, pensando bem, não é algo que está errado. Sou eu mesmo.     

Pequenas esperanças

             Eu estou esperando. Esperando por uma explicação, por uma desculpa, por um sinal de coerência. Estou esperando por uma mudança. Esperando para acordar um dia e me olhar no espelho e realmente sentir que os anos fizeram alguma coisa em mim além de deixar cicatrizes, rugas de expressão, bolsas debaixo dos olhos e saudade. Estou esperando para ver você de novo. É, isso mesmo. Estou esperando por você, mesmo sabendo que você não vai chegar.             Às vezes parece que tudo que eu faço dessa vida é esperar. Por uma carona, por um conselho, por um abraço, por um milagre... E eu sou bom em esperar. Essa é a pior parte. Porque quando se é bom em esperar, as pessoas que são boas em se atrasar ficam bem mais tranquilas consigo mesmas. E se atrasam ainda mais, isso quando aparecem. Estou esperando por algumas pessoas até agora e não, eu não tenho um bom motivo para estar aqui fora no frio ainda por mais óbvio que seja que você não virá até mim. Mas eu espero. Senão por você,

Retrato de família

             Começou como uma brincadeira. Na verdade, começou com uma mistura de brincadeira e preguiça. Porque era mais fácil deixar a máquina no canto da estante para enquadrar todo mundo, e combinado com o papel de parede que eu nunca quis mas que parece fazer sucesso, aconteceu que era li que as noites em casa sempre terminavam. Era ali que a família se reunia depois de um jantar, ou antes de sair pra balada, ou só quando estávamos juntos em casa curtindo a companhia um do outro. E decidimos que seria uma boa ideia registrar aquele momento, aquela paz.             Eu não cresci em um lar onde algo assim era comum. Pelo contrário, nós mal tirávamos fotos. E quando nos lembrávamos de tirar, sempre faltava alguém. Então melhor deixar quieto. Espera todo mundo se reunir de novo, aí tiramos a foto, pra ficar legal mesmo. Bom, nunca ficou legal. Ficaram as lembranças, mas a medida em que eu continuo saindo de casa e vivendo intensamente e aleatoriamente por aí, fica cada vez mai

O último beijo

            Eu não sabia que eu iria embora. Quando eu entrei na sua vida e você na minha, eu jamais considerei que haveria uma data de validade para as nossas palavras, nossas conversas durante as madrugadas, nossos olhares cúmplices de tantos sentimentos em comum, dentre eles inclusive a sensação de que nós iríamos mais além do território que já havíamos conquistado dentro do outro. Quando eu acordei naquele dia, eu não sabia que seria o último em que eu prezaria pelo seu bem, ou que eu iria continuar do seu lado, ou que eu chamaria seu nome diretamente para você. Eu não sabia que eu ia deixar de te chamar, mas isso não quer dizer que eu te esqueci.             E se antes mesmo de eu ir embora, você já tivesse me abandonado e eu só não percebi? Ou então quem sabe fui eu quem se contentou com o prêmio de consolação de ser exatamente isto: seu prêmio de consolação. Na falta de algo melhor, de alguém mais interessante, de louça pra lavar, chapinha pra fazer, unha pra pintar ou algu

9 meses

             Tudo começou há quatro anos quando ela dormiu em casa pela primeira vez. É incrível o quanto, às vezes, pequenas coisas que fazemos acabam tendo grandes repercussões lá na frente. Tudo acontece por um motivo, mesmo que você não entenda na hora. Ela disse que tinha gostado da minha casa; que era acolhedora e confortável, e que ela se mudaria para lá um dia. Eu dei uma risada desconsertada – imagine só dividir o mesmo espaço com alguém depois de anos trabalhando para transformar aquela quitinete de três peças em um lar digno de receber visitas e desmaiar de cansaço ou de bêbado em dias mais difíceis.             Ela deu uma risada impensada – imagine só sair de casa de verdade para ir morar ali, tão longe de tudo que lhe era familiar até então para começar de novo em outro lugar, com outra pessoa tão diferente dela. Eis que surgiu o porém. Nós não éramos tão diferentes assim. A verdade é que em meados de quatro anos atrás, aconteceu que tudo o que eu mais queria na v

O melhor de você

             O que é intimidade? É o que separa os colegas dos amigos, e o que diferencia amigos de irmãos que você escolheu para si. E pra ser bem sincero, tudo que vem com isso é muito bom. A facilidade com a qual eu jogo minha chave pela janela porque estou com preguiça de ensinar a eles como funciona o interfone problemático do meu prédio e já deixo a porta aberta para entrarem, é a mesma que eu tenho para dizer a eles quando algo está errado. Na verdade eu nem preciso dizer nada, porque um silêncio inesperado, um olhar torto, uma piada que eu engoli em seco e às vezes até mesmo uma vírgula fora do lugar (ou uma ausência de qualquer palavra que me ajude a expressar o que está acontecendo) já servem para me delatar e para pedir ajuda a eles por mim. Pensando bem talvez eu não tenha tanta dificuldade assim em pedir ajuda, porque em se tratando de amigos e pessoas ao meu redor para me socorrerem em momentos difíceis, eu ando muito bem acompanhado.             O problema em dar in

Meu erro favorito

            Este texto é um erro. Por inúmeras razões, dentre elas está primeiramente o fato de que eu deveria estar estudando para provas. Ou escrevendo meu TCC. Ou pesquisando referências para o meu relatório de estágio. Ou fazendo a barba. Ou passando a roupa. Ou descongelando a geladeira. Ou fazendo qualquer outra coisa que não fosse sentar aqui e escrever sobre como estar escrevendo é um erro. Mas apesar de tudo isso, eu sinto que é um erro porque ultimamente parece que tudo que eu faço é um erro.             Você já teve a sensação de que tudo que você fez estava errado? A sensação de que fez as escolhas erradas, os maus julgamentos, os pensamentos equivocados, as atitudes opostas... Eu já. Eu a tenho agora mesmo. Aproveite a liquidação e corra logo até mim; estarei admitindo que errei qualquer coisa com você, já que este parece ser o tema da minha vida nesses últimos dias. Nada aconteceu, para falar a verdade. Mas é exatamente isso que me faz sentir que me perdi em minhas a

A melhor coisa que poderia ter acontecido

            Convenhamos que é mesmo exagero. E extrapolação dos fatos. E ansiedade desgastada. E medo, insegurança, incerteza de tudo e de todos. Mas também é bom, é gostoso... É divertido até. É capaz de te fazer descobrir exatamente qual é o seu limite, e até onde você pode ir quando o ultrapassa.             Pode fazer você redescobrir a si mesmo, seus gostos, seus desgostos, suas crenças, seus mitos e suas verdades. Pode fazer você perceber o quanto é possível se preocupar com outra pessoa, e sentir não uma necessidade, mas uma vontade de querer cuidar, de querer estar perto, de desejar sempre o bem para ela. E se você puder ser o motivo do bem dela, melhor ainda.             Tudo bem que nem sempre serão rosas; você poderá passar raiva. Raiva como nunca pensou que poderia sentir. E desilusão. Dentre outros sentimentos de traição, indignação, desprezo ou inconformidade. Pode te fazer chorar; por minutos, por horas, por dias ou até mesmo por anos. Com a mesma intensidade com

Precisamos conversar

             Essas provavelmente são as quatro palavras mais assustadoras que uma pessoa pode ouvir. Porque você “ precisa ” falar comigo? Em vês de só conversar, livremente e arbitrariamente, você “ precisa ” falar comigo? O que foi que eu fiz? Já estava assim quando eu cheguei. Você deve ter entendido errado. Não foi aquilo que eu quis dizer. Ou foi, não sei, mas talvez eu tenha dito com a entonação errada. É isso, você não me ouviu direito. Ou eu disse errado. Ou eu fiz errado. Ou eu não fiz nada, e você esperava que eu tivesse feito. O que você quer afinal? Me diga agora! Não deixe para depois o castigo que você quer me dar agora. Por que tem que ser pessoalmente? Por que algo tem que ser dito afinal?! Eu achei que estava tudo bem. O que está acontecendo?             O que aconteceu foi que as pessoas não conversam mais, vide a necessidade de pedir a você que precisamos tirar um tempo das nossas vidas ocupadas, nossos compromissos inadiáveis e nossas outras mil pessoas em noss

Você vai adorar hoje

             Eu acredito que tudo na vida acontece por um motivo, mesmo quando você não sabe qual é. Como um quebra-cabeças que se forma diante dos nossos olhos, mas cuja imagem não tem muito sentido até que todas as peças finalmente se encaixem. Acredito que não é a toa que algumas pessoas entram na sua vida, e não é a toa que elas se vão. Acredito que talvez exista alguma força além do céu, da terra e da Rede Globo que move este mundo, e que apesar das nossas escolhas – as boas, as ruins e as meio bosta – as coisas sempre vão se acertar e nós ficaremos bem.             Particularmente falando, insisto em dizer o quanto 2013 está cumprindo sua promessa de ser o melhor ano das nossas vidas. Porque foi o ano em que a Joyce se mudou pra cá, e me ensinou que ainda mais importante do que transformar uma casa em um lar, é ser capaz de compartilhar este lar com alguém, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, nos tererés de dia e de noite, até que o aluguel nos separe. Foi