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Mostrando postagens de julho, 2013

Só se vive uma vez

            Só se vive uma vez. Dito isso, seria bom aproveitar o tempo que tenho aqui para fazer coisas mais úteis do que eu tenho feito. Ou ao menos, coisas novas, em vês de me afundar em reprises de seriados ou repetir ideias sobre aonde sair com os amigos. Eu deveria fazer o que eu gosto, não o que eu também gosto de fazer só para não ficar em casa em um Sábado à noite. E eu deveria me preocupar mais comigo, porque é o meu dinheiro que está pagando a entrada para esses lugares, e é a minha energia que está sendo consumida para me manter ali em pé e tentando ao máximo encontrar razões para acreditar que esta noite poderá ser memorável. Só que o que tem acontecido geralmente é que eu acabo me preocupando mais com o sono que eu deixei de ter, e com as olheiras injustas que me cobrem no dia seguinte.             Só se vive uma vez, então seria bom aproveitar meu tempo com quem realmente importa. Com alguns rostos conhecidos entre milhões que existem no planeta e que sempre aparec

Eu que não amo você

            A verdade é que eu gosto de não ter tempo. Gosto de estar cheio de problemas, desde que a distância entre a resolução deles e eu seja apenas a minha preguiça de levantar da cadeira e tomar uma atitude. Gosto da correria, dos compromissos, de achar que as 24 horas de um dia é pouco tempo para resolver tudo o que eu preciso fazer. E no fim da tarde quando eu finalmente abro a porta do meu apartamento - repleto de sacolas de mercado em mãos, porque eu precisava passar no mercado quando saísse do trabalho que por acaso era caminho do banco que eu precisava ir pagar uma conta e também era na mesma direção da faculdade onde eu precisava colocar meus relatórios de estágio em dia – e percebo que venci a maratona que mais um dia da minha vida me proporcionou, eu realmente fico feliz por alguns minutos. Sabe, até perceber que eu preciso guardar as compras, tomar banho, lavar a louça do café da manhã que ficou para trás...             Eu fico muito feliz pela minha vida, até minh

Na saúde e na doença

            Febre. Coriza. Dores no corpo. O ciclo vicioso da gripe me pegou de novo, o que era mesmo uma questão de tempo. Felizmente esta não é a primeira vez que esta cidadezinha do Oeste se afunda nas temperaturas abaixo de zero e me pega de surpresa, então já havia deixado cinquenta tons de antibióticos e anti-inflamatórios ao meu dispor quando meu corpo finalmente começasse a falhar e só o que me restasse fossem tentar esquentar um último copo de leite quente e procurar erros ortográficos na carta de despedida que eu deixaria estrategicamente em meu criado mudo quando minha guerra contra a influenza finalmente chegasse ao fim – ou, ao meu fim, pra ser mais exato.             Ok, eu posso estar exagerando, mas o enjoo é real e meu rosto acabado não me deixa negar: olheiras assustadoramente lívidas obtidas através de noites mal-dormidas acompanhadas de tosse seca e delírios durante a madrugada agora mascaram a minha face, enquanto a vontade de viver se esvazia de mim

A guerra fria V

             Eu não me queixo. Eu não gosto de brigar com ninguém, de verdade, mas às vezes minha capacidade de ajudar não é tão grande quanto a minha habilidade de expressar minha opinião sobre qualquer coisa de maneira tão apaixonada que pode fazer você me odiar por algum tempo. E por muito tempo eu me culpei por isso.             As pessoas deveriam fazer o que acham certo apesar do que qualquer um pode pensar, porque no fim do dia quem deve deitar a cabeça no travesseiro com tranquilidade para dormir é você.  Mas ultimamente eu aprendi algo novo. Algo que eu demorei muito para aperfeiçoar, porque eu costumava confundir o conceito de “ ouvir ” perigosamente com o de “ passividade ”, porque eu gosto de ser ouvido mais do que eu gosto de escutar o que alguém tinha para me dizer. Porque de tanto me procurarem para me pedirem ajuda, eu me convenci de que tinha mesmo todas as respostas. E quando por acaso era eu quem estava em apuros, definitivamente não cabia a outra pessoa me dize

Relações públicas

            Intimidade é preço que você paga por deixar alguém entrar na sua casa e se envolver na sua vida, e ao mesmo tempo é o prêmio que você ganha por isso. Às vezes eu preciso parar para reencontrar o sentido da minha vida – não de maneira tão grandiosamente filosófica, porque eu ando meio sem tempo – quando me vejo atuando como relações-públicas entre as pessoas ao meu redor, enquanto de certo modo ainda me sinto resistente quanto a realmente ser capaz de deixar alguém entrar dentro da minha casa, da minha vida e do meu coração e dizer ,” Fique a vontade, faça o que tiver vontade e fique o tempo que quiser. Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. ”             Confesso que outrora já fui autor dessas palavras e realmente não me queixo por tê-las dito na maioria das vezes, enquanto outras aventuras poderiam ter sido melhor deixadas na teoria ou só na imaginação. Porque dar intimidade a alguém é simples, mas é bem perigoso se cair nas mãos erradas. Não nas mãos de alguém qu

Quebrando a banca

Eu não sou um cara convencional, logo era de se esperar que minhas amizades automaticamente seguissem meu padrão caótico de existência, especialmente quando surgem. Quanto a esse outro cara, foi bem simples na verdade: eu precisava de uma carona pra balada. Ele, sendo o cara companheiro e sempre disposto a ajudar que é, concordou sem problemas em me buscar e levar. Claro que nenhum de nós na época sabia que o que era o início de uma amizade seria o início também de um comportamento padrão para nós até hoje. P.S. Eu preciso muito aprender a dirigir.             Ele era legal, engraçado, parceiro. E parecia alguém em quem eu poderia confiar não só com caronas em estado alcoólico, mas para conselhos que curassem as ressacas emocionais nas quais eu sempre me envolvia através de decisões erradas – que geralmente eram originadas pelas mulheres erradas. “ Mulher é foda ..,” ele disse. É complicado, mas o que é pra ser vai ser, então “ segue o jogo ”.             Ele era um jogador

Voltando para casa

Duas semanas depois , e a cidade continua a mesma. Todo ano eu repito meu ritual pessoal de férias no meio do ano e abandono o clima frio e o céu cinzento de uma Cascavel junina/julhina para me aventurar em uma série de flashbacks e reencontros em uma terra tão, tão distante que a geografia chama de Londrina, e que eu chamo de lar.             Mas apesar de repetir o trajeto todo ano na mesma época, passar pelas ruas da minha infância e adolescência apocalíptica e visitar os mesmos rostos conhecidos que deixei para trás há quatro anos, agora com mais experiência em seus olhos e mais resistência em seus fígados, as histórias raramente se repetem. Ficam os cenários, mas jamais a monotonia. Pelo menos enquanto eu estiver por perto, mandando mensagens de texto para os quatro cantos da Pequena Londres para avisar a todos os meus amigos e parentes órfãos que eu tenho duas semanas de férias da realidade para passar com eles, e cada dia é precioso demais para ser desperdiçado – mesmo rec