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Mostrando postagens de maio, 2013

A arte de não ter nada a perder

Eu não sei quanto a vocês, mas eu ouço muito repetirem frases batidas por aí do tipo “ cada problema é uma oportunidade disfarçada ” ou então “ quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela ”, mas a minha favorita mesmo é “ a necessidade é a mãe de todas as invenções ”. Claro que nenhuma dessas realmente evidencia o silêncio gritante que só o desespero de estar no fundo do poço pode provocar em alguém, e apesar de definitivamente não ter argumentos realistas o bastante para reclamar da vida, me arrisco em dizer que já me senti muitas vezes sobrecarregado de oportunidades, portas fechadas e necessidades urgentes. Vale ressaltar que toda forma de sofrimento, por mais absurda ou incoerente que pareça, ainda é real para quem o sente. Bom, senhoras e senhores, eu me arrisco dizer que sou um sobrevivente de várias oportunidades passadas, pentacampeão em pular janelas quando as portas se trancavam, e pai orgulhoso de várias invenções para escapar do fundo do poço. E o que sempre me aj

Porque eu sei que é amor

Eu cansei de falar de amor. Sério mesmo. Depois de anos escrevendo sobre esperança, sonhos, desilusões, paixão, desencontros, relacionamentos imaginários e centenas de lágrimas, sinceramente eu cansei. Acho que essa parte de mim – o cara que costumava acreditar que a hora certa chegaria, que o amor vem quando a hora e a pessoa forem certas para chegar... Ter esperança é ótimo, de verdade, mas ninguém comenta sobre o quanto é cansativo. Nem sobre o quanto é desgastante, esperar por tudo e acabar muitas vezes sem nada. E o pior é que eu nem deveria estar reclamando; depois de cinco meses dentro de 2013, eu deveria estar mais agradecido por todas as experiências que já tive até agora, do que os fracassos cujos quais protagonizei e fui autor solo e, definitivamente, frustrado e insensato, sempre esperando por mais até quando não havia motivos para questionar a felicidade que habitava em mim. Isto é, até ela partir, e levar consigo o “ pouco ” que eu considerava pouco para longe, e me deix

O melhor ano de nossas vidas

Na primeira madrugada de 2013 , intercalando entre abraços, estouros de fogos de artifícios e copos de uísque e champanhe, eu recebi uma mensagem de texto que imediatamente tomei como tema para aproveitar as 365 oportunidades que estavam diante de mim. Não foi nada muito longo ou profundo, nem mesmo escrito corretamente, mas foi o bastante para que eu decidisse fazer desta vida, algo mais do que ela havia sido até então. Não que as coisas estivessem ruins ou monótonas, mas nunca se pode ter paixão demais pela vida, não é? “ Feliz 2013, cara. Este vai ser o melhor ano das nossas vidas .” E o insight foi imediato; “ Quer saber? Vai mesmo! ” Encaminhei a mensagem para outros amigos, e repassei a filosofia para quem estava comigo ali na hora em forma de um abraço. E assim 2013 começou, repleto de toda a esperança, promessas e expectativas que só uma noite de ano-novo estrondosamente iluminada pode provocar. E por alguns dias, meses até, o tema permaneceu. Claro que nem todos os dias fo

O outono do amor

Eu sempre considerei o Outono como o ensaio geral para o Inverno ; é a época de transição entre o fim temporário das peles expostas ao sol fins de tarde na beira de um bar, e o começo do nosso reencontro com os cobertores que passam meses guardados em cima do guarda-roupa e as blusas que hibernam enterradas dentro dele, e todos os cafés e taças de vinho que acompanham a estação mais impiedosa do ano. Mas que, pelo menos, compensa por fazer durar mais os perfumes e embelezar um pouco mais a cidade com aquele tom levemente melancólico e nostálgico que só o ar ridiculamente rarefeito de Cascavel consegue produzir. E é durante esta época transicional em que as folhas das árvores caem para que possam florescer ainda mais belas na Primavera seguinte, que as pessoas podem se sentir inspiradas a realizar algumas mudanças em suas vidas também. E para alguns poucos sortudos em especial, esta pode ser a hora de dar um tempo com os bares e as madrugadas em claro para passar mais tempo dentro de c

Mamma mia

Eu saí de casa há quatro anos , com uma mochila nas costas e uma mala em cada mão, e uma vaga noção de recomeço pairando sobre os meus pensamentos. Era hora de seguir em frente, de crescer, de me colocar à prova do mundo real e vencer, porque eu definitivamente fui criado para vencer e ser feliz. E antes de colocar o pé para fora do apartamento que eu chamei de casa pela última vez, eu te abracei e disse, “Não se preocupe, você fez um bom trabalho...”. Claro que eu tive minhas dificuldades, mas não é porque você não estava presente do meu lado, que não se fez presente através de, bom, presentes e mais presentes para que eu transformasse minha nova cidade e o novo apartamento aonde eu estava dormindo agora em um lar digno o bastante para que eu pudesse recebê-la quando viesse me visitar para as festas de fim de ano; sabe, aquela época do ano em que ficar com a família não é só um costume, mas sim tradição. Quatro anos depois, eu ainda estou aqui. Nós não nos vemos todos os dias, m

Último tango em Cascavel

Se o amor é como um tango argentino , um “ ex ” é como um parceiro de dança – alguém com quem você possuía ritmo, paixão, sincronia e habilidade de repassar coreografias num piscar de olhos – que te derrubou, quebrou seu tornozelo, e tornou impossível que você confiasse o bastante para segurar sua mão e voltasse a dançar. Quanto a mim, meu tango encontrou sua trágica e decisiva última nota em 16 de Fevereiro de 2013. E como todo tango argentino costuma ter, a última nota também foi a mais provocante e avassaladora, mesmo que tenha sido seguida por uma marcha fúnebre, suor e lágrimas por uma dança que possuía potencial para durar todo o espetáculo de uma vida inteira. Mas ela escorregou, e não haviam violinos o suficiente para contemplar toda a angústia da minha queda. Eu ainda me lembro bem dos nossos primeiros passos na direção um do outro, como um ensaio geral de um amor que buscava o ritmo certo a seguir por anos, mas nunca realmente encontrou música suficiente para ganhar vida.