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Mostrando postagens de abril, 2013

Igor permanente

Minha vida é engraçada. Na verdade, eu não sei se é só a minha vida que é cheia dessas ironias, diálogos inesperados, momentos definitivos que fogem dos lugares-comuns que assistimos nos filmes, pessoas incríveis capazes de esgotar a minha paciência e reacender minhas esperanças num piscar de olhos... Talvez não seja só comigo, eu espero que não. Enfim, de todo modo, o que posso dizer com certeza é que a minha vida é engraçada e eu agradeço por isso, mas o crédito vai mesmo para o tempo e as pessoas que não me deixam desistir dia após dia, que sentam comigo na sacada de casa para tererés, cappuccinos e lamúrias existenciais, ou que conversam comigo durante as horas mais impróprias, como durante a aula ou através de mensagens de texto enquanto estou trabalhando ou solto aleatoriamente pelas ruas e os sinaleiros de Cascavel... Quando eu digo que minha vida é engraçada, é porque até mesmo depois do dia mais cansativo do mundo, de toda a pressão, dos prazos, dos compromissos, das tare

Todos os sonhos do mundo

Toda a felicidade que você procura , toda a alegria pela qual você reza, está mais perto do que imagina; está a cem lágrimas de distância. Eu cantei isto para mim mesmo por anos com muita vontade, porém sem grandes esperanças reais de que lágrimas poderiam realmente se transformar em qualquer outra coisa que não fosse algum símbolo de melancolia ou acúmulo de tristeza que o corpo simplesmente precisou extravasar para fazer mais espaço para as outras frustrações que estavam prestes a ser colhidas. Talvez seja coisa da minha cabeça, mas todo mundo que se dispõe a acordar cedo (ou tarde, sem preconceitos a não ser pela minha inveja matinal) e sai de casa para enfrentar o mundo e todos os desafios e dificuldades que este joga em sua direção, definitivamente não conseguiria se levantar depois de cada queda ou tropeço se não acreditasse em alguma coisa – se não acreditasse que seus sonhos poderiam dar certo. E a verdade é que não há problema nenhum com isso. Pode ser o relógio que nos ti

15 de Abril

Você não pode prevenir o que não pode prever. Porque não importam os seus planos, se o dia está corrido, se está faltando tempo na sua rotina, se existem mais problemas do que esperança, se você precisa passar no mercado depois do trabalho antes de ir para casa ou se você perder aquele ônibus vai ter que esperar quarenta minutos por outro; o acaso vai te encontrar, e vai te fazer perceber que nós não temos controle algum sobre esta vida. Nós tentamos, e nos esgotamos muito por isto, mas é o que acontece. Se você precisar dar um jeito de passar no mercado, você o fará mesmo que apavorado e sem fôlego. Se perder aquele ônibus, você vai ter que esperar pelo próximo por mais que o tempo perdido te machuque. E se você se apaixonar, vai ter que admitir isto mais cedo ou mais tarde porque não há mais jeito; o sorriso dela é o motivo do seu, e é por ele que você espera quando chega em casa e todos os dias agora são motivo de comemoração. Quanto a mim, 4 de Abril era só 4 de Abril, e a rot

O começo do fim

31 de Outubro de 2012. Eu me lembro exatamente de como aconteceu, o começo do fim. Quando Charles Dickens escreveu “ Um conto de duas cidades ”, suas primeiras palavras foram, “ Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos, tínhamos nada a nossa frente, tínhamos tudo a nossa frente ”. Um leitor distraído e despreocupado diante deste começo em particular pode realmente acreditar que Dickens estava se referindo a duas cidades, mas para as mentes mais abertas e os olhos mais precisos – nós que também somos conhecidos como sonhadores ou, pasmem, românticos – estes sim sabem que estamos falando de algo muito maior e bem mais complexo. Exatamente, senhoras e senhores: estamos falando de amor. E 31 de Outubro de 2012 foi a última vez em que me vi diante de tal começo, com total consciência de que o fim também estava próximo. Mas o que é o fim diante de algo tão mais fascinante quanto esperança acima de tudo? Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos, e começou como algo simples. P

Mais do que palavras

Às vezes eu acho que escrevo mais do que deveria. Não me entenda errado; eu falo bem mais do que eu deveria também, mas com a escrita é diferente. A escrita envolve pensamento, planejamento... Não pode derramar algo em um papel simplesmente sem filtrar nada daquilo antes. Você optou por aquela letra, aquela palavra, aquela frase... O que torna a experiência definitivamente mais significativa e, por isso mesmo, mais perigosa. E eu escrevo demais, sempre escrevi, mas não consigo me imaginar vivendo de qualquer outro jeito. Prefiro ter arrependimentos em forma de vírgulas e dois-pontos, do que morrer engasgado com um ponto final fatal que poderia ter salvo a minha vida caso eu decidisse admiti-lo não só em voz alta, mas em tinta também. Ou em manuscritos virtuais, já que é assim que a vida tem funcionado ultimamente. Foi exatamente este perigo, este risco constante de ser pego desprevenido enquanto transcrevia o que deveria ser apenas mais um período em uma composição ordinária, e desco

P.S. Eu sorri

O tempo é uma coisa engraçada , e provavelmente não é a primeira – e nem será a última – vez em que descubro isto. Digo isto porque hoje aconteceu algo tão astronômico, porém tão simples, que agora em vês de encontrar as palavras certas para descrever o que aconteceu, a única coisa que sinto vontade de dizer é saudade. Saudade daqueles vinte e cinco minutos em que eu, pego com alguns instantes de fôlego a mais entre um compromisso e outro, simplesmente sentei debaixo de uma árvore e esperei. E enquanto esperei, observei como a vida continuava a acontecer ao meu redor, com apenas uma diferença: nada daquilo era comigo, e como foi grande aquele alívio. Foi a coisa mais assustadoramente tranquila do mundo, apenas assistir a vida seguir seu rumo sem nenhuma pressão, nenhum prazo para tentar alcançar, nenhum pedido para atender, ninguém para responder nem nenhuma necessidade de produzir algo novo. Eu estava simplesmente sentado, assistindo tudo acontecer de camarote, e qual foi a últim

Enquanto rolarem as lágrimas...

Se tem uma coisa que eu aprendi depois de anos envolvido em relacionamentos imaginários, paixões inatingíveis e desafios que simplesmente não podiam ser ganhos, é que quando o inevitável acontece não tem como pular o sofrimento. Vai doer, mais cedo ou mais tarde, e não tem nada que você possa fazer a não ser aceitar o fato de que, nem que seja por cinco minutos do seu dia, você precisa abrir mão de ser forte e se permitir chorar por tudo aquilo que você tanto acreditava que poderia ser e não foi. Porque toda perda, não importa qual seja – grande ou pequena, real ou imaginária, sensata ou surreal – precisa de um período de luto. Toda morte precisa de uma aceitação, e todo amor que chega ao fim precisa ser sentido, para que possa renascer com outra pessoa. Mas se tem uma coisa que eu ainda custo a aprender, é que ninguém vive só de dor e ninguém vive só de glórias. Você vai ter dias bons e dias ruins, com alguns mais ou menos entre eles porque é simplesmente assim que a vida

Adorável desilusão

O mundo mudou desde que você se foi. Bom, talvez não o mundo inteiro, mas a parte que eu uso para dormir, rir, tomar café e outras bebidas mais fortes definitivamente não é mais a mesma. Você levou parte deste mundo com você – a parte que construí com você, para você – e me tira o sono e a vontade de rir saber que não posso tê-la de volta. Só não me tira a vontade de tomar café e outras bebidas mais fortes também, porque eu preciso de algo para me manter acordado quando preciso responder à vida, e para fechar os olhos quando a noite cai e é possível roubar alguns momentos de sossego em meio ao turbilhão de rostos, deveres, pressões e lembranças dolorosas dentro do qual eu tento fazer o meu melhor para não me perder mais. Mas eu acordei disposto a recolocar tudo em seu devido lugar, e a encontrar maneiras de utilizar o espaço vazio que ficou no meu coração logo ali, onde costumava ter um porta-retrato nosso com os nosso sorrisos e um momento congelado do tempo em que parecíamos

A teoria do caos funcional

Se eu precisasse definir a mim mesmo em uma palavra , esta palavra provavelmente seria “ bagunça ”. Não estou me referindo a questões de auto-estima ou auto-imagem propriamente ditas, mas sempre considerei os caminhos que tomei na vida, as decisões que fiz, o modo como interajo com as pessoas e os vários desdobramentos que meus pensamentos costumam gerar sempre foram um pouco, bem, tortos. Por isso sempre me surpreendo quando alguém faz questão de comentar sobre o modo como consigo organizar a casa depois de uma festa, ou a habilidade momentânea que toma conta de mim quando preciso entregar algum trabalho em cima da hora – e nem vamos comentar sobre meus grupos de estudo de última hora baseados em nada mais nem menos do que sorte, instinto, coragem e sem-vergonhice. Minha casa pode até estar em ordem, mas minha cabeça é definitivamente regida pela teoria do caos. Tenho momentos de tédio profundo e crises existenciais que me fazem questionar toda a razão do universo, e em questão

Sine qua non

Eu já me perdi muito nesta vida. Tantas vezes, aliás, que cheguei a considerar a hipótese de que eu havia deixado de ser eu, e havia me tornado uma versão abstrata de mim, ausente de fatores essenciais cujos quais eu sempre considerei fundamentais para a pessoa que eu pensei que fosse. E foram nesses momentos definitivos em que eu percebia o terror e a angústia de ter que refazer meus passos e minhas decisões, com esperança de que assim seria capaz de voltar ao meu lugar e a me sentir como eu mesmo de novo. Voltar a escrever foi um pouco assim, isto é, se eu não me sentisse tão seguro agora para dizer que depois de cambalear um pouco e esperar que a confusão inicial dos meus pensamentos logo se ajeitasse de modo que fosse possível descrevê-los e revê-los em forma de palavras – e até que não ficaram tão ruins. Foram em momentos assustadores como a primeira noite em que passei em meu primeiro apartamento, depois de sair de casa e me deparar com a imensidão e a profundidade do mund

Os arrependimentos certos

Dois anos atrás, eu costumava escrever muito sobre sonhos. Sonhos, planos, esperanças, amores não correspondidos cujos quais eu ainda gostaria que se tornassem realidade, dentre outras mil coisas que eu costumava dizer que queria muito, mas pra dizer a verdade nunca dei sequer um passo adiante para correr atrás. O que é curioso porque, há dois anos, eu costumava escrever muito também sobre arrependimentos e como a vida poderia ser melhor com eles se você se arriscasse mais, porque é melhor contar histórias do que frustrações. Dois anos atrás, eu era pura teoria. Não que hoje eu seja uma pessoa muito diferente, mas ao menos eu tenho uma história ou outra para compartilhar em uma mesa de bar ou uma conversa entre amigos encostados em algum corredor. O que me separava da vida há dois anos era o medo de tentar. E o que me separa da vida hoje? Ter tentado demais, enquanto só o que restou foi um gosto amargo na boca e uma leve paranoia acerca das intenções dos outros que se aproximam

De volta pro amanhã

Eu me lembro da última vez em que realizei o tal ritual de sentar, pensar, sentir e deixar as palavras que viessem em mente serem derramadas em uma folha virtual, sempre com esperança de que elas fizessem algum sentido e, quem sabe, até ficassem bonitas o bastante para poderem ser compartilhadas com outras pessoas que poderiam sentir o mesmo. Porque era bom conseguir transformar uma agonia em compreensão, ou um olho encharcado de lágrimas em um ombro amigo, mesmo que abstrato e à distância. Mas eu parei. Há dois anos eu decidi que falava muito, escrevia muito, até sentia muito, mas vivia pouco. Escrevia intensamente como quem já havia tido todas as experiências possíveis e sentiu todas as emoções que alguém poderia imaginar, quando na verdade arrastava uma vida escancaradamente vazia. Como um pequeno príncipe um dia disse, era tudo muito bonito, mas sem muita utilidade. E como viver leva tempo, esforço, paciência e companhia, eu decidi que não poderia dar conta de sair por aí m