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O efeito Scherzinger II

Eu sei que esperar pela Nicole Scherzinger talvez seja pedir demais, mas chega uma hora da vida em que um homem decide por quais coisas ele ainda sente que vale a pena lutar para ter, especialmente homens complicados, contraditórios e paranóicos como eu. Eu caí em uma crise existencial pré-anos 20 tão grande que quase me fez pensar que eu ainda queria mesmo amor, mas já não era mais capaz de acreditar que era possível. Felizmente, eu tenho amigos, colegas, uma família excepcional, e o próprio universo - que me dá uma proteção ridiculamente constante - para me mostrar sempre o quanto eu consigo ser idiota e me perder em teorias ridículas que só fazem jus à minha imaturidade. É claro que eu vou encontrar alguém para amar, e só porque não foi ontem ou hoje ainda, não quer dizer que eu devo adotar mais alguns gatos, baixar mais algumas temporadas de dez ou quinze seriados diferentes e me internar no quarto para o resto da vida. Eu sei que parece extremo, mas é o que acontece em alguns finais de semana menos felizes da minha existência precoce.

Mas voltando à Nicole, ela é exatamente o modelo de mulher com qual eu sempre sonhei para mim - não querendo dizer é o que o eu vou conseguir nesta vida ou então se eu conseguiria dar conta de um mulherão desses ou não - mas porque ao olhar em retrospectiva, minhas maiores paixões encaixam-se exatamente neste perfil: morenas sedutoras de altura mediana, olhares penetrantes e irresistíveis, corpos esculturais e dotadas de uma sexualidade tão poderosa que sempre me deixaram babando aos seus pés, com orgulho de servi-las como capacho humano, e com um sorriso no rosto tão ridículo que eu teria que ser muito hipócrita para negar. E enquanto era bom, valia a pena.

Só que paixão após paixão, morena depois de morena, meu amor foi se desgastando e me deixou em um estado de emergência que só quem me socorreu consegue entender o quanto fui destruído. E me fez pensar que amor era coisa de filme, ou romances ruins, ou então apenas para pessoas bonitas e ocas que não só não se preocupam com esses tipos de pensamento, como sequer conseguem soletrar "não-correspondido", já que é algo que certamente não faz parte dos seus vocabulários. Mas como era de se esperar, a vida veio e me encheu de otimismo e esperança que só mesmo o amor no qual eu acredito que existe no fundo da minha alma seria capaz de proporcionar. Então eu ainda tenho expectativas, sonhos impossíveis e atrações absurdas por mulheres inexplicavelmente inatingíveis, mas é o que me sempre me definiu e acho que seria muito fora de caráter tentar mudar agora.

Então eu resolvi esperar, coisa que eu sei fazer muito bem. Porque me comprometer com alguém que não faz meu coração vibrar, que não me causa um anseio gritante pela sua companhia ou um desejo avassalador pelo seu beijo, certamente seria como ser infiel ao amor em si, especialmente em um ano como este: no qual encontrei o amor mais importante que uma pessoa poderia encontrar na vida - o amor próprio. E enquanto ela não chega, vou apenas viver e deixar as coisas acontecerem. Não sei porque não deixei mais que o amor me mostrasse o caminho a seguir, se nunca me decepcionou antes ou me deu motivos para tentar viver de qualquer outro jeito. E se ela se parecer com a Nicole, melhor ainda. Porque também chega uma hora em que um homem percebe que poucas coisas na vida são tão importantes e necessárias como uma morena gostosa.

Ao som de: Hush Hush (I Will Survive) – The Pussycat Dolls.

***

Depois de idealismo ultra-romântico, estou me dando o direito de ser um pouco superficial. Só pra variar um pouco.

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