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Mostrando postagens de junho, 2011

Fugindo de Cascavel

Cascavel. Fria, tempestuosa, cinza. Ou era só eu? Depois de fechar a porta para o amor, meus amigos e quaisquer expectativas de que as coisas poderiam melhorar, acidentalmente deixei que diagnósticos, antibióticos e decepções amorosas me fizessem ficar em casa para me previnir contra quaisquer outras surpresas que a vida poderia lançar em minha direção. Eu achei que nada mais poderia me surpreender, até que em uma típica quarta-feira ensolarada, eu tive a minha resposta. Caminhando com um olhar perdido, desinteressado e levemente alheio às pessoas ao meu redor, eu me arrastei pela avenida à trabalho até um banco para pagar uma conta, mas mesmo com os fones de ouvido ao máximo para abafar meus pensamentos, algo aconteceu que fez com que eu parasse de prestar atenção à música; uma atendente bonitinha fixou seu olhar em mim, e parecia intrigada. Achei que só podia ser minha imaginação, até que ela se fez presente ao passar por minha direção três ou quatro vezes, até chegar a minha ve

A dor maravilhosa II

Dor é o sentimento mais fundamental do ser humano ; é o que nos faz perceber que estamos vivos mesmo quando as coisas estão difíceis e a luz no fim do túnel parece inalcançável demais até mesmo para ser vista. Somos criados para acreditar que não há qualquer sinal de amadurecimento sem dor, mas até quando vão as dores do crescimento e como saber quando as dores reais começam a torturar nossas almas? Somos todos sadomasoquistas disfarçados que não conseguem mais definir nossos limites, ou toda forma de dor na verdade vem para o bem? Como saber até quando aguentaremos ser feridos? Dizem que amor, amor mesmo, não existe sem dor; como se toda pessoa apaixonada caminhasse sobre uma linha tênue onde cada alfinetada vai direto para o nosso coração, e ao mesmo tempo nos atrai cada vez mais a continuar caminhando. Sadomasoquistas são conhecidos por sentirem atração por dor, mas qual a real diferença entre eles e nós, que nos sentimos constantemente atraidos pelas pessoas erradas, mas ainda

O que o diabo dá, o diabo leva

Todo dia eu ainda acordo pensando em você. Sigo com minha rotina pensando no que você diria se pudesse me ver, ou a sua reação caso ainda lesse meus apelos por aqui. Parece que acabei de adentrar a fase da despedida em que a realidade da sua ausência começa a ficar clara, nas palavras não ditas, nos olhares que não trocamos mais, e nos sentimentos que ainda restam em nós e gritam em silêncio por misericórdia. Por que eu ainda me importo tanto? Por que algo que demorou tanto para começar, e que suavemente tornou-se parte do meu coração, agora parece tão mais difícil de se deixar ir? Minha cabeça diz que tenho razão, assim como todos os outros que me alertaram sobre você e ainda tem um certo orgulho do que fiz, mas por que meu coração não sente o mesmo? Nunca fui o tipo de pessoa que aceita as coisas que vem assim, tão facilmente para mim. Pelo contrário, quando não há drama, para mim geralmente é um sinal de que não há muita importância ou significado, e que a novidade não durará m

Fingindo

A arte de fazer de conta é algo que aprendemos cedo na infância; começa a partir de fábulas com príncipes e princesas que se deparam com diversos obstáculos antes de encontrarem um ao outro e o "feliz para sempre" que vem em seguida. Conforme amadurecemos, as formas de fazer de conta tomam novas formas, até percebermos que fazer de conta nada mais é do que viver com base em aparências e fingimento, e que nem sempre seremos felizes para sempre quando o sol se pôr. Às vezes mentimos para os amigos e os certificamos de que está tudo bem, sem deixar que percebam que estamos sofrendo por dentro. Alguns imaginam relacionamentos como sendo mais significantes do que realmente são, até se depararem com a verdade. Ocasionalmente usamos máscaras para convencer aos outros e a nós mesmos de que nossos segredos não são tão terríveis, mas o sentimento os persegue quando deitam a cabeça no travesseiro ao fim do dia e percebem que na verdade estão apenas mentindo para si mesmos. Não é fá

Sexo e a cidade

Baseado em provavelmente muitas histórias reais. Era uma vez uma garota que acabara de se mudar para a cidade. Ela era linda, inteligente, audaciosa, tudo isso e muito mais no auge dos seus 16 anos. A garota logo fez amizades, e como era de se esperar, logo atraiu olhares de outros garotos também. Um dos garotos decidiu se apresentar e aproveitar a oportunidade para também apresentar a cidade a ela - uma desculpa esfarrapada apenas para ficar sozinho com ela. Em questão de dias, logo apresentaram seus lábios um para o outro, suas mãos passaram a entrelaçar-se quando caminhavam, e seus olhares cruzavam-se quando se despediam. Era perfeito; era amor e a garota achava que as coisas não poderiam ficar melhores. Realmente, não ficaram. Um dia o garoto não quis andar de mãos dadas, não olhou duas vezes ao se despedir, e não respondeu à nenhuma das mensagens que a garota enviou. Curiosa, ela decidiu ir até a casa dele para descobrir o que estava acontecendo, e descobriu que não era algum

Enquanto eu estiver aqui

Mais tarde naquele dia eu saí para fazer uma caminhada pela cidade, e conforme o pôr-do-sol trazia a noite, meus medos e verdades também vieram a tona. Às vezes eu penso que talvez não tenha nascido para ter um relacionamento, ou alguém com quem eu possa dividir minha vida. Isto é, há uma vida aqui para ser dividida? Bom, ao menos um pouco de vida deve haver, senão da onde tiraria cada vez mais palavras para tentar traduzí-la, não importa se faça sentido ou não. Quanto mais eu caminhava, mais eu imaginava se talvez não exista alguém com quem eu combine, alguém que me complete e que caminhará ao meu lado quando tudo ao meu redor parecer quebrado e sem volta. Nem todo mundo tem seu " feliz para sempre ", e se eu tenho tantas outras coisas em minha vida, talvez um relacionamento seja a única peça que me faltará para tornar tudo completo, afinal não se pode ter tudo. Ou talvez o problema seja eu mesmo; por que eu me importo tanto? Eu sei... Tudo o que eu sempre quis desta vi

A boa briga

Dizem que é preciso anos para que se possa verdadeiramente chamar alguém de amigo, mas o conceito de amizade varia de acordo com o contexto em que acontece. Na faculdade, por exemplo, pode demorar de um a cinco anos, ou então pode acontecer instantaneamente. Ao me deparar com meus convites imaginários para minha formatura, tenho um pouco de medo de tentar contá-los e descobrir que não tenho vinte amigos para convidar para presenciar um dos momentos mais importantes da minha vida; pelo menos, não em Cascavel. Eu costumava preservar uma teoria de que colegas só se tornam realmente amigos após uma briga; aquele momento de choque de ideias e opiniões onde é colocado a prova exatamente o quanto preferem defender seus ideais ao contrário de passarem aulas conversando e rindo de besteiras cujas quais ambos, na maior das coincidências, acham engraçado. O prazo para uma briga entre amigos durar é diretamente proporcional à proximidade que tinham antes de entrarem em conflito, e a cada dia