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Mostrando postagens de janeiro, 2010

Você ainda é você

O que faz uma pessoa ser o que ele ou ela é? As coisas que gosta e desgosta, os lugares que visitou, as pessoas que conheceu, os amores que teve, as saudades que sente, as lágrimas que derramou, os sorrisos que estampou no rosto... Agora, quando a vida traz essas mudanças que ninguém consegue impedir, como uma pessoa mantém o que ele ou ela é? Quando o cotidiano lentamente toma conta de pequenos fragmentos e obriga atitudes novas, o que fazer para continuar sendo... si mesmo? Não sei, mas lá se foi um ano e ainda estou aqui. A neurose aprofundou-se e eventualmente criou uma personalidade que estava ali e ninguém tinha visto bem - nem o próprio dono - , as frases de efeito tornaram-se mais afiadas, e a vida... a vida não é como antes. É tudo real agora, e às vezes é difícil. Às vezes dá vontade de fugir, de fingir que não é comigo, de sair por aí e andar reto, ouvindo música, sem olhar pra trás, e ir até aonde der. E foi o que eu fiz pra não enlouquecer de vez, ou pra não me submeter

O amor está vivo

" Yeah, yeah, whoooo ..." Admito que não sei explicar grande parte disto. Simplesmente aconteceu, e ela também. Não a vi chegar, nem sei de onde veio, mas de algum modo senti sua presença quando ela apareceu no recinto. E a música, claro. " My heart is on fire / my soul's like a wheel that's turning / my love is alive... " Estava junto de outra mulher, mãe, tia, vizinha, não sei, mas nem se comparava. E estava vestida de modo bastante... Revelador, para dizer o mínimo. A blusa que revelava o bronzeado, e escancarava a marca do biquini, e o shorts que acabava logo no começo da coxa - e da felicidade, eu aposto. E sentou, logo ali, no meio da praça de alimentação, completamente convencida (corretamente) de que todos estavam olhando para ela. E estavam, inclusive eu, que fui pego de surpresa enquanto lutava contra o sono durante o trabalho. " My heart is on fire... " E estava mesmo. Assim, do nada. Lembrei-me de um programa que havia assistido

Bons tempos

Eu tive um sonho ontem a noite. Eu estava numa sala de cirurgia, com médicos e enfermeiras ao meu redor, todos com seus bisturis e anestesia direcionados ao meu coração. De repente, um dos médicos se assusta com algo e todos param. Ele estuda cuidadosamente com uma pinça uma fratura no meu coração jamais vista antes. E afirma com horror, " Este coração foi partido ". Os médicos ao redor balançam a cabeça em uníssono e adjetivos parecidos; " Quebrado ", " Estraçalhado ", " Incurável ". O cirurgião pega meu coração em mãos e o avalia uma vez mais com choque, e o joga no lixo. Acordei. *** Estranho mesmo é não direcionar mais minhas palavras para “ você ”. Me faz sentir mais sozinho agora que começo a tomar conta que “ você ” nunca lerá isto. *** Na manhã seguinte eu decidi levantar cedo e levar meu coração partido para passear. Estava frio e levemente chuvoso, mas eu nem liguei. Depois de um ano, eu me dei conta exatamente de c

Um bom ano

Um ano depois . Eu parei de escrever por uns tempos, e por mais vontade que sinta de culpar o trabalho ou qualquer outra coisa que justifique a falta de tempo, eu sei exatamente da onde vem a razão da ausência das minhas palavras. De uns meses pra cá, parecia que minha vida estava sendo levada a base de bom senso e medo, e a pressão de abrir mão do que se quer fazer e priorizar o que se deve fazer que só serviu para alimentar sentimentos ainda mais arrepiadores, como solidão. Tudo isso só para evitar dizer o que realmente aconteceu; eu amei de novo, e eu perdi de novo. Aliás, não perdi porque nunca foi minha, e não posso culpar ninguém por não saber onde você está agora já que fui eu mesmo quem fez questão de não querer saber mais. Mas acabou, assim como 2009 , e se um novo ano pode começar da noite pro dia, eu posso começar de novo - de novo - também. Parece que começar de novo nunca é demais. A história ainda é a mesma, e eu continuo neurótico. Talvez não tanto quanto um ano atrás.